O Brasil se consolidou como o maior mercado de veículos eletrificados da América Latina em 2024, segundo o 2º Relatório de Mobilidade Sustentável – Perspectiva do Brasil, publicado pela EvolvX. Mais de 418 mil unidades de veículos eletrificados foram vendidas na região ao longo do ano, sendo 42,6% dessas no Brasil.
A participação do segmento nas vendas totais de automóveis na América Latina mais que dobrou entre 2022 e 2024, saltando de 3,1% para 8,1%. O relatório foi apresentado durante o Latam Mobility & Net Zero Brasil 2025, principal conferência da América Latina dedicada à mobilidade sustentável e transição energética. O evento reuniu líderes públicos e privados em debates sobre soluções para a descarbonização do transporte.
“O avanço da eletromobilidade no Brasil não é apenas uma tendência de mercado, mas um imperativo ambiental. Combinamos um crescimento expressivo nas vendas com uma matriz energética majoritariamente limpa, o que potencializa os benefícios da mobilidade elétrica para a redução de gases de efeito estufa”, afirma Ronaldo Sandoval, Diretor da EvolvX na América Latina.
Em território nacional, foram comercializadas mais de 177 mil unidades de veículos leves eletrificados em 2024 — o equivalente a pouco mais de 7% das vendas totais de automóveis leves no país. Entre as tecnologias, os veículos 100% elétricos (BEVs) apresentaram o avanço mais expressivo, com crescimento de 219% em relação a 2023. No contexto América Latina, as vendas de BEVs aumentaram, em média, 124,75% ao ano entre 2022 e 2024.
A tendência de alta se mantém em 2025: apenas nos quatro primeiros meses do ano, já foram vendidos mais de 54 mil veículos eletrificados leves no país, segundo dados da ABVE, também apresentados durante o Latam Mobility. A projeção é de que o Brasil ultrapasse a marca de 200 mil emplacamentos até o fim do ano.
Somente em abril de 2025, os veículos eletrificados representaram 7,7% do total de vendas mensais de veículos leves no Brasil, ainda segundo a ABVE. Os modelos plug-in (BEV e PHEV) dominaram o segmento, respondendo por 85,5% das unidades comercializadas, o que reforça o avanço da eletromobilidade de emissão zero no país.
“O mercado brasileiro evoluiu a ponto de oferecer variedade real ao consumidor, que hoje já consegue escolher entre diferentes tecnologias eletrificadas de acordo com seu perfil de uso”, avalia a diretora da Latam Mobility, Daniela García. O avanço, no entanto, não se dá de forma homogênea. Segundo o relatório, a maior densidade de vendas de veículos leves eletrificados está concentrada nas regiões Sudeste e Sul, com destaque para os estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio de Janeiro. A análise territorial reforça a necessidade de políticas públicas e investimentos que estimulem o acesso à mobilidade elétrica também nas demais regiões do país, ampliando os benefícios ambientais e econômicos dessa transição.
Em relação à infraestrutura, o Brasil já conta com uma base crescente de recarga. Segundo o relatório, 83,6% dos pontos instalados são de recarga lenta (AC), enquanto 16,4% são de recarga rápida (DC). Esse crescimento da rede é essencial para acompanhar a demanda crescente por veículos eletrificados.
Além disso, dados recentes indicam que o Brasil alcançou 14.827 pontos públicos e semipúblicos de recarga em fevereiro de 2025, um aumento de 22% em relação a novembro de 2024. Atualmente, 25% dos municípios brasileiros contam com eletropostos, fortalecendo a autonomia e a confiança dos usuários de veículos elétricos.
“O avanço da mobilidade elétrica no Brasil já é uma realidade concreta, puxada por mercados regionais mais maduros e por uma infraestrutura que começa a ganhar escala. O desafio agora é garantir que esse progresso seja distribuído de forma mais equilibrada, alcançando todas as regiões do país e impulsionando um ecossistema mais inclusivo e sustentável”, afirma García.
Um ponto de destaque é a natureza da matriz elétrica brasileira, que se diferencia positivamente de outros países. De acordo com os dados apresentados, a geração de energia no Brasil é majoritariamente baseada em fontes renováveis, como hidrelétricas, eólicas e solares (92% – um índice significativamente superior à média global. Nos Estados Unidos a participação de fontes renováveis na geração elétrica foi de apenas 22%, e na China, 30%) — o que amplia o impacto positivo da eletromobilidade na redução das emissões de gases de efeito estufa. Em 2024, o Brasil registrou a maior expansão da matriz elétrica de sua história, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), com um acréscimo de 10.853 MW de potência instalada, sendo 91,13% provenientes de fontes renováveis.
A combinação entre uma matriz elétrica majoritariamente limpa, o crescimento acelerado das vendas de veículos eletrificados e a ampliação da infraestrutura de recarga vem consolidando o Brasil como um dos protagonistas da transição para uma mobilidade sustentável na América Latina. “Estamos diante de um momento estratégico para o país. O Brasil tem uma oportunidade única de liderar a transformação da mobilidade no continente, unindo inovação, infraestrutura e responsabilidade ambiental”, finaliza García.
