A Justiça Federal condenou o casal proprietário da Braiscompany, um esquema criminoso envolvendo criptomoedas acusado de movimentar ilegalmente mais de R$ 1 bilhão, a aproximadamente 150 anos de prisão pela prática de crimes contra o sistema financeiro nacional e contra a economia popular. A decisão é do juiz da 4ª Vara Federal em Campina Grande Vinícius Costa Vidor. Os donos, Antônio Ais e Fabrícia Farias, estão foragidos desde 16 de fevereiro de 2023, quando foi realizada a primeira fase da Operação Halving da Polícia Federal que investigou crimes contra o sistema financeiro e o mercado de capitais.
O negócio, sediado em Campina Grande (PB), captava ilegalmente dinheiro de clientes e prometia retornos de até 10% ao mês, uma promessa incompatível com o mercado de renda variável. No final de 2022, a empresa cessou os pagamentos aos investidores, deixando cerca de 20 mil pessoas no prejuízo. O juiz também estabeleceu aos réus o dever de pagar mais de R$ 277 milhões em danos patrimoniais e R$ 100 milhões em danos morais coletivos.
A empresa era especializada em gestão de ativos digitais e soluções em tecnologia blockchain. Os investidores convertiam seu dinheiro em ativos digitais, os quais eram “emprestados” para a companhia e ficavam sob sua gestão pelo período de um ano. Os rendimentos dos clientes representavam o pagamento pelo empréstimo dessas criptomoedas.
No dia 23 de fevereiro, aproximadamente R$ 15,3 milhões foram bloqueados de contas de pessoas vinculadas à Braiscompany. De acordo com a PF, os sócios da Braiscompany movimentaram cerca de R$ 1,5 bilhão nos últimos quatro anos. Em um período de cinco anos, golpes envolvendo criptomoedas resultaram em perdas de R$ 40 bilhões para pelo menos quatro milhões de brasileiros. Um estudo divulgado no início deste ano pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) revelou que no Brasil as vítimas de esquemas de pirâmide financeira têm maior probabilidade de serem enganadas novamente pelo mesmo golpe.