A COP da Biodiversidade, em Cáli, iniciada em 21 de outubro de 2024, promete ser a maior de todas as edições, com recorde de participação ao longo das duas semanas. Os números podem ser pequenos, se comparados com a COP do Clima, mas o fato é que o meio ambiente está impondo limites à economia, que é um subsistema do sistema ambiental.
Como nem nós e nem as empresas existimos em um vácuo e, com três crises planetárias – aquecimento global, perda da biodiversidade e poluição – urgente mudar o paradigma e a lógica de se fazer negócios, sendo o meio ambiente, também um stakeholder importante a ser considerado.
Considerando que as mudanças climáticas são o maior desafio que se apresenta atualmente para a humanidade, ao conservar a biodiversidade, as medidas de proteção aos estoques de carbono, não apenas podem desacelerar os efeitos das alterações climáticas, como também tem o potencial de proteger a vida selvagem única e insubstituível das florestas tropicais. (Amazonas Atual, 2021).
Então, é hora de reconhecer o valor da natureza e, ao invés de uma abordagem linear em que as coisas são usadas e descartadas, precisamos aplicar o pensamento circular onde as coisas são continuamente reaproveitadas. Questão das escolhas que fazemos, em prol de uma maior conservação da biodiversidade, a fim de manter os processos ecológicos e os sistemas vitais, preservar a diversidade genética e assegurar o aproveitamento sustentado das espécies e dos ecossistemas (Estratégia Mundial da Conservação, 1980).
O próprio Banco Mundial estima que a e economia global poderá perder US$ 2,7 trilhões até 2030 se serviços ecossistêmicos chave entrarem em colapso. Em países emergentes, o PIB poderá cair 10% ao ano, em média, com perdas maiores para as nações mais dependentes de recursos naturais. Nesse sentido, não integrar o capital natural aos negócios implica em risco operacional e estratégico, que pode interromper operações e tirar empresas do mercado. (Pereira, 2004).
Logo, há uma crescente de movimentos, como coalizões empresariais internacionais pela conservação e a Task force on Nature-related Financial Disclosures (TNFD) – que quer incluir a natureza nos balanços financeiros – vem ganhando força. O estopim foi a aprovação do Marco Global da Biodiversidade, apelidado de “Acordo de Paris da Natureza”, que trouxe pela primeira vez no papel a responsabilidade sobre esses atores de forma explícita. (Capital Reset, 2004).
E por que será que a biodiversidade importa?
A biodiversidade afeta quase todos os aspectos da vida humana, desde a segurança no emprego, a saúde básica até a salvação do planeta para as futuras gerações. Mais da metade do produto interno bruto (PIB) mundial depende da natureza. ¾ de todos os tipos de culturas alimentares, por exemplo, requerem a polinização aninal. Cerca de metade da população global depende principalmente, de medicamentos naturais ou modelados segundo a natureza.
Portanto, há uma relação direta entre a biodiversidade e alguns aspectos muito básicos da sobrevivência. Onde a biodiversidade nativa é alta, por exemplo, a taxa de infecções por algumas doenças zoonóticas (aquelas transmitidas entre animais e humanos) é mais baixa. Proteger os habitats naturais e a vida selvagem também é uma forma de ajudar a nos proteger.
A biodiversidade é a base para ecossistemas saudáveis e ecossistemas saudáveis capturam e armazenam gases de efeito estufa e mitigam as mudanças climáticas, enquanto ecossistemas danificados liberam carbonos e se agregam a eles.
Moral da história: o Homem depende da natureza, dos serviços ecossistêmicos, que são os benefícios da natureza para as pessoas, vitais para o bem-estar humano, bem como para as atividades econômicas.
“A grande questão é definir o que o impacto sobre a biodiversidade, seja negativo ou positivo, significa para cada negócio”, diz Rodrigo Lima, diretor da consultoria Agroicone.
Referências Bibliográficas:
Amazonas Atual. Preservação da Amazônia centrada no carbono ameaça biodiversidade, diz estudo. 18/07/2018. In: https://amazonasatual.com.br/preservacao-da-amazonia-centrada-no-carbono-ameaca-biodiversidade-diz-estudo/ Acesso em: 01/04/2021.
UICN – União Mundial pela Natureza. Disponível em: https://ambientes.ambientebrasil.com.br/natural/programas_e_projetos/uicn_-_uniao_mundial_para_a_natureza.html
Pereira, H. Capital Natural: riscos e geração de valor. Way Carbon: 26/09/2024. In: https://blog.waycarbon.com/2024/09/capital-natural-riscos-e-geracao-de-valor/?utm_campaign=newsletter_waycarbon_-_setembro_2024&utm_medium=email&utm_source=RD+Station
Cardial, I. Por que as empresas brasileiras estão em peso na COP da Biodiversidade? Capital Reset, 23/10/2024. Disponível em: https://capitalreset.uol.com.br/biodiversidade/cop-biodiversidade/por-que-as-empresas-brasileiras-estao-em-peso-na-cop-da-biodiversidade/?utm_campaign=23102024_-_cop16_empresas&utm_medium=email&utm_source=RD+Station