Testes realizados pela psicologia, demonstram o enorme poder da influência social sobre o comportamento das pessoas. Um deles é conhecido como experimento do elevador, e é bem ilustrativo.
Num elevador, algumas pessoas são orientadas a entrarem e ficarem de costas para a porta. No começo, os que já estavam, olham aquele comportamento com incredulidade e espanto, mas aos poucos vão cedendo e também se posicionam de costas para a porta. Essa posição é prontamente adotada pelos novos entrantes, dando continuidade a esse comportamento mesmo saída dos que iniciaram esse movimento.
O medo da rejeição, muitas vezes, leva os indivíduos a adotarem comportamentos e posições sem o devido questionamento e reflexão, ou, até mesmo, posicionamentos com os quais não concordam, a fim de evitar conflitos. É o medo de ser diferente e, em consequência, ser excluído.
No dia a dia isso já foi normalizado como FOMO, abreviação do inglês “fear of missing out”. Não queria participar do bolão da mega sena acumulada, mas vai que…
Num mundo dominado pela mídia social, onde cada acontecimento é instantaneamente compartilhado, não ter uma posição, opinião formada sobre os acontecimentos é sinal de alienação, corremos para expor e/ou endossar uma posição, muitas vezes através dos emojis.
Nessa corrida diante de tantos eventos, sobra pouco tempo e disposição para refletir e, principalmente, questionar. Mais fácil e simples seguir a maré, mesmo porque ir contra a corrente é cansativo e se revela antissocial.
Mas por que as pessoas se afastam dos que questionam?
Penso que é um mecanismo de defesa instintivo, contra o que elas consideram uma ameaça à ordem estabelecida. Na maior parte das vezes elas não sabem as respostas às indagações, mas deixar explícito a sua ignorância, deixa aberto a possibilidade de que uma nova “verdade” seja estabelecida.
Mais fácil e prático é matar a questão impondo respostas como: você não sabe o que está falando, só você pensa assim e muitas outras colocações.
Que bom seria se existissem verdades absolutas fora do âmbito religioso, que as relações fossem permanentes. Dogmas de fé são circunscritos ao mundo religioso; fora dele, a realidade é dinâmica e a verdade se mostra passageira.
Com o Iluminismo e a revolução científica, o homem buscou na ciência respostas para suas perguntas, que antes ficavam a cargo da religião. Com o tempo veio a frustração: a ciência não tem respostas definitivas. Lembram do caso do ovo?
Aqui vale a pena ter mais claro o que pode ser classificado como ciência. Segundo Karl Popper na sua obra Conjecturas e Refutações, só pode ser considerada ciência o campo de estudo cujas hipóteses podem ser testadas. Ou seja, para ele, o critério de demarcação entre ciência e não ciência é a possibilidade do teste. Aquilo que não pode ser testado, portando ser passível de ser refutado, não é ciência. Temos então que a ciência não é sinônimo de verdade absoluta, mas expressão atual da última fronteira do conhecimento.
É justamente essa ausência de verdades definitivas que, se de um lado provoca desconforto, de outro lado abre uma enorme possibilidade de evolução científica.
O que move o mundo não são respostas, mas as perguntas. Respostas encerram um ciclo, perguntas abrem novas possibilidades.
Seja curioso, faça perguntas e se liberte dos prejulgamentos!