Brasil recicla 410 mil toneladas de embalagens pets

Brasil recicla 410 mil toneladas de embalagens pets

Edmar Chaperman/Funasa

A indústria brasileira de reciclagem de Polietileno Tereftalato (PET) registrou o reaproveitamento de cerca de 410 mil toneladas de embalagens em 2024, conforme dados são do Censo da Reciclagem do PET no Brasil, realizado pela Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet). 

O volume representa um crescimento de 14% em relação às 359 mil toneladas registradas no censo anterior, em 2022, e reforça a tendência de evolução da cadeia, impulsionada por políticas de circularidade, avanços tecnológicos e aumento da conscientização ambiental. O PET pós-consumo continua a ser o material plástico mais reciclado do país, com um índice de reaproveitamento que ultrapassa os 56%, conforme a associação. 

Apesar do avanço, o resultado ainda está longe do potencial total de reaproveitamento. A indústria de reciclagem de PET instalada no país opera, em média, com 23% de ociosidade. A Abipet afirma que o percentual pode chegar a picos de até 40% em algumas regiões.

Para a associação, essa limitação está diretamente relacionada à baixa eficiência da coleta seletiva no Brasil, que cobre apenas uma parcela restrita dos centros urbanos. O presidente executivo da entidade, Auri Marçon, alerta que a cadeia produtiva já opera “no seu limite” diante da escassez de matéria-prima reciclável, mesmo com toneladas de embalagens ainda sendo descartadas em aterros ou no meio ambiente.

Para atingir novos patamares de eficiência, a indústria de reciclagem precisa avançar na gestão de processos. A automação industrial com ERP é apresentada como alternativa para superar gargalos produtivos.

De acordo com informações da Nomus, empresa que atua no desenvolvimento de softwares para indústrias, a introdução desses sistemas ajuda a otimizar a operação, reduzir perdas e também permite o planejamento da demanda. 

Esse tipo de sistema também facilita o cumprimento das exigências da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e das metas estabelecidas pelo Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares), como a obrigatoriedade de reciclagem de ao menos 30% das embalagens até o final de 2025 e 50% até 2040.

Além da tecnologia, ferramentas comuns do dia a dia seguem como necessárias para a operação. É aí que se entende, na prática, para que serve a planilha de controle de produção: ela funciona como um instrumento básico para registrar volumes processados, calcular perdas, identificar gargalos e acompanhar a produtividade diária. O avanço da reciclagem de PET no Brasil ocorre em meio a um arcabouço regulatório que busca criar condições para que mais embalagens sejam coletadas e reaproveitadas. A PNRS estabelece a logística reversa como instrumento para assegurar o fluxo adequado de materiais pós-consumo. 

Essas metas não se limitam ao papel. As portarias publicadas em 2024, como GM/MMA nº 1.011 e 1.102, impõem critérios mais rigorosos para a qualificação de entidades gestoras e verificadores. Também exigem presença nacional progressiva, capacidade técnica comprovada e sistemas eletrônicos de informação.

Além disso, o Decreto nº 11.413/2023 criou os Certificados de Crédito de Reciclagem de Logística Reversa (CCRLR), os Certificados de Estruturação e Reciclagem de Embalagens (CERE) e os Certificados de Crédito de Massa Futura, instrumentos que atribuem valor econômico direto ao material reciclado. O objetivo é tornar a venda de PET pós-consumo mais atrativa, sobretudo para catadores e cooperativas. 

O cenário brasileiro de reciclagem de PET também se beneficia de investimentos em tecnologia e de parcerias que visam elevar a qualidade e a escala da produção de resina reciclada (rPET). A Valgroup, maior recicladora de plásticos da América Latina, processa atualmente 145 mil toneladas de RPET anualmente no Brasil, México e Espanha. 

Em 2024, a empresa adquiriu a operação de reciclagem de 3 Rios Fibras e Resinas, em Poços de Caldas (MG), com o compromisso de ampliar sua capacidade de produção de RPET de grau alimentício por meio do sistema bottle-to-bottle, que já responde por 37% do PET reciclado no país. 

A aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para o uso desse rPET em contato direto com alimentos, obtida pela Valgroup em 2008, garante às indústrias de bebidas a confiança necessária para reduzir a dependência de resina virgem. 

No mesmo ritmo, o ALPLA Group anunciou, em janeiro deste ano, a ampliação de sua unidade brasileira para incluir processamento de HDPE, somando esforços para diversificar o leque de materiais recicláveis no país. A empresa conta com capacidade instalada de reciclagem de, aproximadamente, 389 mil toneladas de PCR (plástico pós-consumo) em sua rede internacional.

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