Em um cenário onde as habilidades técnicas estão sendo automatizadas e substituídas por mecanismos de inteligência artificial, a Inteligência Comportamental, como capacidade de lidar com demandas e produzir resultados em diferentes ambientes, será o principal diferencial profissional em 2025 e nos próximos anos.
Essa é a expectativa de Edson Carli, CEO da Academia Brasileira de Inteligência Comportamental, consultor e autor de livros sobre o tema e sobre Gestão de Mudanças e Desenvolvimento de Carreira, entre outros.
A perspectiva de Carli encontra eco em pesquisas sobre as demandas de quem contrata, como a realizada pela plataforma LinkedIn que listou as dez competências mais buscadas por mais de 1,2 mil empresas – e sete eram comportamentais.
Nesse contexto, o especialista destaca as 5 competências que devem ser desenvolvidas de olho nesse cenário. São elas:
- Empatia e inteligência emocional
“A capacidade de se colocar no lugar do outro, compreender emoções e responder de forma adequada é insubstituível. A inteligência artificial pode até interpretar padrões de comportamento humano e reagir a partir de algoritmos predefinidos, mas carece da profundidade emocional que apenas os seres humanos possuem. A empatia, em conjunto com habilidades de comunicação, reforça relações de confiança e a colaboração entre equipes, fatores cruciais para o sucesso em projetos complexos.”
- Adaptabilidade e resiliência
“Com a evolução constante das tecnologias, a capacidade de se ajustar rapidamente às mudanças é essencial. Enquanto as IAs precisam ser reprogramadas e treinadas para lidar com novos contextos, nós conseguimos nos adaptar de forma dinâmica e proativa. A resiliência para aprender com os desafios são características da inteligência comportamental, que contribuem para a inovação e o crescimento das organizações.”
- Ética e tomada de decisão consciente
“A inteligência artificial, por mais precisa que seja, atua dentro dos limites dos algoritmos e das regras previamente estabelecidas, sem considerar as nuances éticas e morais. Com inteligência comportamental, temos a capacidade de avaliar as situações de maneira holística, com raciocínio lógico, e análise dos impactos sociais e morais. Essa característica é extremamente importante, principalmente, quando as decisões podem afetar a vida de outras pessoas, a reputação da empresa e o bem-estar da sociedade.”
- Liderança inspiradora
“A habilidade de inspirar, guiar e motivar uma equipe não pode ser replicada por algoritmos. Liderar vai além de delegar tarefas ou supervisionar o trabalho, também contempla uma visão compartilhada, o desenvolvimento da confiança e o incentivo ao crescimento individual e coletivo. Líderes inspiradores, com inteligência comportamental, entendem as complexidades das relações humanas e sabem como ajustar suas abordagens para lidar com diferentes personalidades, desafios e circunstâncias.”
- Criatividade disruptiva
“A criatividade não se limita apenas a seguir padrões existentes, como fazem as Ias – envolve a habilidade de questionar, desafiar o status quo e propor soluções totalmente novas. Embora as máquinas possam identificar tendências com base em dados passados, é a inteligência comportamental que tem o poder de pensar “fora da caixa”, rompendo com paradigmas e trazendo inovações que mudam o rumo da economia global. Criar é um ativo inestimável em um mundo onde muitas funções técnicas podem ser automatizadas.”
Por fim, Edson conclui que a inteligência comportamental é a base de um clima organizacional positivo, inclusivo e colaborativo. “Enquanto a IA transforma a maneira como as tarefas são executadas, a inteligência comportamental constrói valores, crenças e práticas inovadoras que garantem a sustentabilidade de uma empresa.”