A Fundação SOS Mata Atlântica, por meio do programa de monitoramento Observando os Rios, revelou um agravamento na poluição do rio Tietê em 2024, às vésperas do Dia do Rio Tietê, realizado em 22 de setembro. O estudo indicou que 207 dos 576 km analisados continham água imprópria para uso, o que representa um aumento de 29% em relação ao ano anterior, quando 160 km estavam contaminados. Desses 207 km, 131 km foram com qualidade ruim e 76 km com qualidade péssima.
Esse é o quarto ano consecutivo em que a área poluída do rio cresce. Segundo Cesar Pegoraro, educador da Causa Água Limpa, essa “mancha” poluída, descreve pela ausência de oxigênio e pela presença de bactérias anaeróbicas, resultado em um ambiente sem vida aquática, com aparência escura e mau cheiro. Ele destaca que o estado do rio reflete as falhas nas políticas públicas e a necessidade de maior engajamento da população em questões como saneamento básico e poluição difusa.
Além dos fatores climáticos, o especialista aponta a falta de saneamento básico como outra causa do aumento da área poluída. Segundo Gustavo Veronesi, coordenador da Causa Água Limpa da SOS Mata Atlântica, uma das explicações para o aumento da mancha de poluição no Tietê são as emergências climáticas.
“Muita gente ainda não tem o acesso básico ao serviço de tratamento e coleta de esgoto. Então, muito esgoto ainda cai no rio”, alerta Veronesi. ”Na região metropolitana tem chovido bem menos então o esgoto, que ainda cai no rio, tem menos água para diluir, devido a esse processo de seca”, completa Veronesi.
Em março do ano passado, o governo de São Paulo lançou o Programa IntegraTietê para promover a revitalização do principal rio paulista. Segundo o governo, o programa prevê uma série de medidas de curto, médio e longo prazo.
A previsão atual é que, até 2026, sejam investidos R$ 15,3 bilhões, totalizando, até 2029, mais de R$ 23,5 bilhões, na expansão e melhorias do sistema de saneamento básico, desassoreamento, gestão de pôlderes, melhorias no monitoramento da qualidade da água e recuperação de fauna e flora, entre outras medidas.
Apesar de programas como esse, a SOS Mata Atlântica afirma que a qualidade da água continua a ser comprometida por condições locais, como poluição por esgoto, gestão de reservatórios e operação de barragens, clima ou resultante de atividades agropecuárias.
*Com informações da Agência Brasil