Não sei quanto a vocês, mas eu cresci ouvindo que devia ser um bom estudante, que com diploma de uma boa universidade conseguiria um bom emprego e trabalhando de forma diligente o meu futuro estaria assegurado. Bom emprego, bom salário era garantia de um bom casamento e uma vida feliz.
Não sei exatamente em que parte esta história começa a desmontar. Talvez tudo fosse fruto de um desejo de um mundo organizado, racional e previsível com o qual todos sonham.
Trabalhando em grandes empresas, demorei para perceber que as decisões nem sempre são lógicas – ou pelo menos não entendia a sua racionalidade. Sofria pensando que o problema fosse eu, imaginando o que poderia estar errado.
Só mais tarde aceitei que as pessoas não tomam decisões em bases racionais. Usam a razão para justificar as suas decisões tomadas em base emocional. E isto acontece em todos os ambientes, incluindo o mundo corporativo onde esperava decisões racionais, busca incansável de eficiência e meritocracia.
Será que talvez não seja assim porque mais de 16% dos altos postos executivos são ocupados por psicopatas, ou fruto de uma sociedade em rápida transformação consequência de uma modernidade líquida, de uma rápida evolução tecnológica que modificou as formas de trabalho e relação social.
Como resultado deste “combo”, temos uma sociedade cada vez mais competitiva, onde ansiedade, depressão e burnout converteram-se em uma verdadeira epidemia.
O que acontece é tal qual a estória do sapo numa panela: se você jogar o sapo na panela de água quente, ele pula de imediato. Mas você colocá-lo numa panela com água fria e aquecê-lo lentamente ele permanece quieto.
As mudanças vêm acontecendo lentamente no último século, quando conforme Stephen Covey, a ética do caráter foi substituída pela ética da personalidade, onde ser comunicativo, ter uma imagem de sucesso e transmitir dinamismo é mais valorizado que a competência, honestidade e lealdade. Podemos resumir dizendo que a aparência passou a ser mais valorizada do que o conteúdo.
Outro fato novo foi a globalização que distribuiu de forma bastante desigual os benefícios entre classes e regiões econômicas, assim como a evolução tecnológica.
E dentro deste turbilhão somos convocados a manter a saúde mental em ordem e alcançarmos o equilíbrio entre nossa vida pessoal e profissional.
Este foi o primeiro artigo de uma série quinzenal que tratará dos temas aqui mencionados, a começar por psicopatas no mundo corporativo.