A Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu anular um julgamento que poderia impedir acionistas de prosseguirem com um processo de fraude de valores mobiliários contra a Nvidia. A ação acusa a fabricante de chips de inteligência artificial de enganar investidores sobre sua dependência do mercado de criptomoedas para impulsionar suas vendas.
O caso, iniciado em 2018, é liderado pela empresa sueca de gestão de investimentos E. Ohman J. A Suprema Corte rejeitou o recurso da Nvidia contra uma decisão de tribunal inferior que permitiu que a ação coletiva avançasse. Essa decisão sinaliza que os acionistas podem buscar responsabilização pela falta de transparência em relação a uma exposição significativa da empresa a um mercado volátil, como o de criptomoedas.
A Nvidia alegava que sua representação das vendas havia sido precisa, mas os investidores argumentaram que a empresa subestimou o impacto do mercado cripto em seus resultados financeiros, especialmente durante a volatilidade de 2017 e 2018.
Os demandantes acusaram a Nvidia e seu CEO Jensen Huang de violar uma lei federal de 1934 chamada Securities Exchange Act ao fazer declarações em 2017 e 2018 que falsamente minimizaram o quanto do crescimento da receita da Nvidia veio de compras relacionadas a criptomoedas.
O caso contra a Nvidia remonta ao período de 2017 e 2018, quando a popularidade de seus chips aumentou significativamente devido à sua eficiência no processo de criptomineração.
No entanto, com a queda da lucratividade do mercado de criptomoedas em 2018, a dependência da Nvidia desse segmento ficou em evidência. Quando o declínio do mercado de criptos impactou as vendas da empresa, a Nvidia não conseguiu atingir suas projeções de receita, o que resultou em uma queda acentuada no preço de suas ações no início de novembro de 2018.
Os acionistas argumentam que a Nvidia não foi transparente sobre o quanto de suas vendas estava ligado à volatilidade desse mercado emergente. O caso destaca os riscos para empresas que dependem de mercados altamente instáveis, como o de criptomoedas, e a importância de uma comunicação clara com os investidores.
Em 2022, a Nvidia concordou em pagar US$ 5,5 milhões às autoridades dos EUA para resolver as acusações de que não divulgou adequadamente o impacto da criptomineração em seus negócios de jogos, mas sem admitir ou negar as descobertas dos reguladores federais.
No caso envolvendo a Nvidia, a empresa defendeu-se perante a Suprema Corte argumentando que os demandantes não conseguiram demonstrar de forma suficiente que suas declarações corporativas contestadas eram falsas ou feitas com a intenção de enganar investidores, como exige a legislação aplicável.
A decisão da Suprema Corte de não intervir permite que o caso avance para a fase de descoberta, na qual ambas as partes poderão reunir e trocar evidências mais detalhadas, um passo crucial que pode esclarecer ainda mais os fatos e potencialmente influenciar um desfecho por meio de acordo ou julgamento.